Páginas

14 de jan. de 2014

A nova MPB

Música Popular Brasileira é considerada aquela que mostra o perfil do país. É como se fosse o clássico de cada nação. Nos anos 60, principalmente, a MPB tornou-se um dos estilos mais ouvidos nas festas. Porém, música popular brasileira não é um ritmo e sim uma denominação. Rita Lee, Raul Seixas e Cazuza, por exemplo, cantam rock.  Elis Regina, samba. Tom Jobim, Bossa Nova e todos são cantores da minha amada MPB.
A cada dia, o sertanejo universitário ganha mais espaço no cenário musical. Li vários artigos de críticos musicais, brasileiros e estrangeiros sobre essa nova fase do sertanejo. A maioria acredita na alienação dos jovens motivada pela imprensa e, principalmente, pela internet como explicação para essa febre de "Gatinha Assanhada". Porém, nessa busca incessante para a resposta da minha inquietação sobre porque o novo sertanejo faz tanto sucesso, encontrei um texto que me fez parar para pensar. Na publicação, o autor questionava a mudança da música nacional que, sem dúvida, já é um traço cultural. Ele comentava sobre o tecno brega, o pop rock ao estilo Fiuk e também sobre o sertanejo universitário.

Daí me veio a mente: será que o sertanejo universitário pode ser considerado uma música popular brasileira?

Depois de muita análise e resistência para não acreditar que meus doze anos estudando música pudessem ser reduzidos a uma afirmação positiva para essa pergunta, tive que aceitar e constatar que sim, Michel Teló, Gustavo Lima, Luan Santana e outros podem ser considerados cantores de MPB.

Primeiro, porque eles são realmente populares e apesar daquele embalo de bateria ativada em teclado, eles fazem sucesso, e muito.

Fiquei pasmada quando vi o hit "Tche Tcherere" na lista da Billboard e mais tarde, Michel Teló se apresentando para os russos. Pois é meus caros, até a União Soviética se rendeu aos encantos do "Ai Se Eu e Pego"! Não podendo esquecer que a música "Tchu Tcha Tcha" seduziu um dos maiores rappers do mundo, o Pitbull, e foi adaptada em uma versão em inglês. Victor e Leo, também não sobraram nessa. O sucesso do início da carreira dos cantores, "Borboleta", teve seu espaço e ganhou um clipe - super bem produzido - de uma banda holandesa. Pelo menos essa música não é composta de onomatopéias.

Se essa invasão do sertanejo universitário no mercado da música é resultado da ignorância e da alienação, o mundo está mesmo lotado de imbecis. Não é segredo que eu não gosto de sertanejo, mas devo respeitar que não é qualquer música nacional que consegue notoriedade para se apresentar no VMA e com uma super produção.

A novidade não é Teló e Gustavo Lima - que são os mais visados pelos estrangeiros - se apresentarem em outras nações. O que me desconforta é os maiores eventos de premiação musical do mundo ter esses brasileiros como atração principal.  Posso não gostar, mas esses dois, principalmente, tem empresários competentes e sedentos por lançar mais um cantor no mercado, sorte e potencial.  Se são bons músicos, não posso afirmar, mas são midiáticos e tem ótimas equipes de marketing, é inegável.

Apesar de acusar o sertanejo como sendo uma tendência  brega dos jovens, não acredito que esse sucesso é resultado da alienação. Do mau gosto, talvez. Porque senão, teríamos que dizer que o mundo todo é alienado. O mundo todo mesmo, sem metáforas.

Acredito na modificação da cultura do país e da aceitação por parte do exterior de que o Brasil não é uma nação que tem apenas futebol e mulher pelada. O Brasil é sempre visto no ranking dos piores em quase tudo, apesar da economia e dos recursos naturais. Porque não admitir que o ritmo surgido nas universidades tenha conquistado os gringos? O samba já é uma expectativa de turistas e um cartão postal. Agora, o sertanejo universitário também está conquistando o seu espaço, de forma arrebatadora, por sinal. Isso é bom, porque paramos só de importar as tendências internacionais e passamos a mostrar a nossa música para os outros. E claro, fazer milionário mais um jovem cantor.

Aqueles que ainda acreditam que os europeus estejam alienados e pagando por uma música pífia devem não ouvir, mas aceitar que a realidade é visitar Londres e se deparar com versões em inglês de "nossa, nossa! assim você me mata". (in)Felizmente o sertanejo está com tudo. Tudo mesmo. Está com tanto que até me fez admitir que a música popular brasileira está reformulada e agora carrega um borrão de mal gosto com a inclusão do sertanejo universitário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários ofensivos serão excluídos