Ás vezes a cabeça é fraca e a
gente paga por isso. Ainda estou pagando os ocorridos do ano passado. Outras
coisas apenas continuo vivendo. A gente costuma pensar porque mudou o ano
devemos mudar a nossa vida, porém muitas vezes não queremos. O ano passado, sem
dúvida, foi um ano decisivo na minha vida. Resolvi enfrentar os meus demônios e
caçar o meu escudo. Tudo que consegui como progresso pessoal não acaba só
porque o calendário marcou um novo janeiro. Por isso, não concordo que devo esquecer
as coisas que conquistei, senão deveria deixar meu emprego, meu apartamento,
minha felicidade.
No momento exato da virada estava com os meus amigos, aqueles que a gente conhece no primário e carrega pra vida toda. Então, eu estava com eles iluminada pela luz da lua e lavando minha alma com as gotas da chuva fria que caia. A primeira frase que disse foi a seguinte: “Faltam 9 meses para o Rock in Rio”. Todos riram inclusive eu. Até lá pode acontecer tanta coisa. De repente nos abraçamos e nos demos conta do quanto a nossa vida tinha mudado e consequentemente nos mudado. Os sonhos são diferentes do passado, a listinha de meta é composta por planos mais sérios mas naquela hora eu só pensava em quanto tempo faltava para eu ser absurdamente feliz. Se o tempo e os problemas me permitir ir ao festival, com certeza, será a melhor coisa que farei da minha juventude.
Nesse instante de risos, brindes
e fotos me peguei imaginando o quanto fui ingrata quando disse no Natal que
dois mil e doze tinha sido o pior ano da minha vida. Fui infantil por querer
que o tempo voltasse, por forçar acreditar em magias. Sim, 2012 foi um ano
difícil que enfrentei os piores dilemas da minha existência até então. Tudo
mudou. Me desfiz do corpo adolescente e da mente também. Doei meu all star,
retirei as mechas coloridas e enfim, consegui me olhar no espelho e fazer com
que as pessoas me vissem com uma adulta. Não sei ainda se era isso que eu
queria, mas desde que você decide deixar a casa dos pais tem que assumir os
riscos. Deve ser por isso que nunca mais me julgaram ter quinze ou dezesseis
anos, como faziam.
Ultimamente tenho falado muito de idade, parece nostálgico,
mas não é só para me situar no tempo. Só hoje, no terceiro dia do ano que consegui
sentar e fazer esse balanço. Três é meu número da sorte, o dia está nublado e
neste momento estou com uma caneca de cappuccino ao meu lado. Desse jeito é
impossível fazer uma das coisas que mais me dá prazer na vida que é escrever,
mas escrever o que eu quero.
Apesar de amar o jornalismo dou
graças quando chego em casa e posso escrever sem deadline, ponderações, lead e
pautas. Gosto da liberdade. Enfim, pode soar como cômico, mas aqueles
minutinhos que tive debaixo de chuva me fizeram só ter certeza que eu quero
continuar exatamente como estou. Marcada pela etapa que se foi, com o coração
maltratado e sangrando porém rindo atoa. Nunca imaginei que pudesse estar bem
com tantos problemas. Não sabia que deixar todos os mimos para trás pudesse me
tornar tão leve. Cada vez mais eu gosto de admirar o silêncio e continuo
gostando da beleza do que é feio. O mais interessante é pensar que nada mudou,
o céu continua o mesmo, a cidade continua violenta, as luzes dos postes ainda
estão queimadas e eu persisto sonhando que a vida é poesia. É isso, a vida é
poesia!
Tanto procurei resposta até perceber
que não havia já que eu estava feliz e não é só porque o ano é novo, minha vida
precisa ser nova. Ninguém renasce no tempo, o tempo é que renasce dentro da
gente. Cada ano é uma nova oportunidade de colorirmos mais um arco-íris sem
precisar descartar os que já estão no horizonte.
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